sexta-feira, 20 de março de 2015

Segunda chance.

Escuto o barulho da chuva tão aclamada, sinto seu aroma e desejo do mais fundo do meu coração que, assim como ela lava os postes, banha as árvores e leva pelas ruas toda sujeira que existe nela, ela leve também todos os meus erros.
Todas as vezes que chove, é como se a natureza dessa uma nova chance para o mundo de não se sujar outra vez e, pasmem, ele se suja de novo.
Posso estar viajando agora, mas são nesses devaneios que costumo perceber certas coisas.
O que as pessoas não fariam por uma segunda chance? Por uma terceira chance?Quarta? Milésima?
Quantos milhões de euros valeriam uma nova chance de não errar? De não cometer a mesma estupidez?
Quanto vale a chance de reparar?
É provável que um discurso desse passe na cabeça de quem experimenta a dor e a sensação de estar perto do caos ou da morte. Mas porque é preciso esperar?
E quando o dever de dar esta chance está em nossas mãos? Parando com as perguntas e sem respostas pra elas, sigo meu discurso.
Paro pra pensar que ninguém é bom o bastante para deixar de perdoar e deixar de permitir que o outro tente novamente ou que a situação possa trazer, finalmente, algo bom.
Um amigo uma vez me disse que algo ruim que aconteça conosco pode ser um erro irreparável, mas ele pode despertar o melhor de nós. Assim, penso que as segundas chances estão aí pra isso. Para despertar o melhor das pessoas. Mesmo que ela tenha que aparecer mais de uma vez.
Não que elas (as segundas chances - repare no plural) devam existir para justificar ou pagar os erros cometidos. Acredito que elas existam para despertar a noção de que se pode ser melhor e menos passível à quedas.
Eu realmente acredito no melhor das pessoas, Pode ser inocente da minha parte, mas se Cristo (sendo Cristo) acredita nisso e me dá segundas chances todos os dias, quem sou eu pra deixar de acreditar que alguém pode ser melhor? Não faz sentido.
Vivemos num caos eminente e existente. Eminente lá fora onde todos lutam ou não percebem a necessidade de lutar e existente porque permitimos que nosso orgulho e ego nos ceguem a ponto de deixarmos de perceber a beleza que é ter/dar uma nova chance.
Todos os dias isso nos é possível.
Todos os dias a chance é dada a nós.
Todos os dias podemos vivê-la e ver outros viverem-na.
Será que não poderia ser mais simples? Espero ter mais chances de tentar acertar.
"Come on guys, let's take another chance to this". - Disse o diretor de um pobre filme que não tinha nenhum recurso ou condição de vir a ser um sucesso e que foi um dos que mais ganhou Oscars na história da dramaturgia mundial.
" O amor leal do Eterno não pode ter acabado, Seu amor misericordioso não pode ter secado. Eles são renovados a cada manhã. Como é grande tua fidelidade! Eu me apego ao Eterno (digo e repito). Ele é tudo que me restou.  O Eterno se mostra bom para aquele que espera nele, para a mulher que busca com diligência. Boa coisa é esperar em silêncio, esperar a ajuda do Eterno." Lamentações 3:22-27